sexta-feira, 1 de agosto de 2014

A Mensagem de Jedidiah

O meu nome é Jedidiah. Nasci numa das zonas mais pobres do Quénia. Cresci num orfanato, rodeado de outras crianças. Cresci aqui porque uns senhores levaram a minha mãe. Toda a gente os chamava de "rebeldes". Naquele dia vi muita gente desaparecer. O meu pai entrou na nossa casa de madeira aos gritos. Eu estava com medo. Ele tirou-me de casa e levou-me para um sitio com muitas crianças. Disse-me que ali estaria a salvo. Mas de repente vejo o meu pai a cair, e uma senhora alta e muito magrinha levou-me para uma cave. Passei dias a olhar para aquela porta, onde tinha visto o meu pai pela última vez. Pensava imenso na minha mãe também. Todos os dias, e até hoje, os rebeldes não davam tréguas a ninguém. Eu era uma criança que gostava de brincar com outras crianças. Eu era ingénuo e não sabia o que se estava a passar. Naquele orfanato havia crianças mais velhas, com um ar triste e que me diziam: "eles não vão voltar. Eles já se foram à muito". Mas eu continuava na esperança de os ver ali. A minha mãe estava grávida do meu primeiro irmão. Não cheguei a saber o nome dele. Quando comecei a ir à escola, a professora, aquela senhora alta e magrinha que me acolheu, contou-me toda a história. Os meus pais haviam morrido para me proteger e para ajudar o nosso povo. Disse-me que eram pessoas corajosas como eu. Desde esse dia me questiono porquê? Durante todos estes anos eu aprendi uma palavra: "paz". Passado tanto tempo continuo sem perceber o que significa na verdade. Cresci, e jurei a mim mesmo que me ia comportar como um adulto, que ia ter a coragem dos meus pais. Sabia que um dia os encontraria. Nunca desisti, e fui bem-sucedido. Hoje tenho vinte e dois anos, e fui recebido de braços abertos pelos meus pais. Mostraram o quão orgulhosos estavam de mim. Disse-lhes as saudades que tive. Os rebeldes atacaram novamente, desta vez foi algo estrondoso. Corri para proteger os meus amigos e a minha família. Tenho uma linda esposa e dois rapazes fantásticos. Certamente que eles serão grandes homens, tal como o avô e o pai foram. Morri para os proteger e para honrar o meu país e o meu povo. Esta é a minha história, que conto junto aos meus pais, e com o sentimento e a esperança de que os meus actos irão servir para que haja amizade entre todos. Espero que seja uma lição que todos tenham em conta.